terça-feira, 23 de julho de 2013

VOCÊ


No fim da tarde,
já quase anoitecendo,
voltei para vê-la.

Na sala, Eliane,
acompanhante das noites,
perguntada informou:

-“Está passando bem.
Tomou uma canjinha e disse
que ia deitar um pouco.
Ainda não deve ter dormido”.

Entrei no quarto
 já escurecido.
Estava deitada, 
coberta com uma colcha.

Toquei suavemente em seus pés.

-“O que aconteceu?
Que confusão é esta?
É noite ou é dia?”

Mãe... está anoitecendo.
Você tomou uma canjinha,
veio tirar um cochilo.

-“É verdade...tomei uma canja”.

Você não esteve bem 
na noite passada.
Não dormiu quase nada. 
Deve estar cansada.

“ É isso. Já lembrei,
 vou dormir.
Antes de ir, acenda a luz.
 Quero te ver”.

Enquanto acendia a luz, brinquei:
Está cansada 
de me ver,
sabe que não vai 
ver grande coisa.

-“ Como não?
Você é o maior,
é o maior dos maiores.
você é o meu filhão”.

Disse-lhe, já com dificuldades:

Agora vou apagar a luz.
Durma com Deus.

Socorri-me da escuridão
para esconder-lhe as lágrimas  
que já não era possível conter.



Um comentário:

  1. Na minha adolescência, sobretudo, sempre fui um "pé de valsa". Os meus amigos sabem disso. O que não sabem é que foi ela quem me ensinou a dançar.

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