quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

VALEU



Os setenta anos criaram e delimitaram dimensões.
Entre elas, o antes e o depois.

O “depois” penso ser curto, pequeno. 

Prevejo o semestre apenas. 
É o bom senso. 
Ultrapassado o prazo? 
Um novo planejar semestral.

O que me encanta é o “antes”,
com setenta anos de duração.

Minha primeira paixão
foi dona Virgínia,
alfabetizadora da Dona Nina,

Meu “guru”, já decantado,
João de Andrade,
nosso querido “Chuchu”.

Minha admiração maior
ficou com Dona Irene,
mãe de toda uma geração
que se forjou no porão
do casarão da Amaral Peixoto, 29.

Hélio de Carvalho foi meu herói
e  promovedor dos meus Natais.

Como filme 
que não me exaure,
não me sacia, 
minha mente exibe
o pátio do Nilo Peçanha,
os bailes na sede demolida do BTC,
a piscina ,
as domingueiras na varanda
do Dr. Paulo Guedes.
Os carnavais,
o bar do Pereirinha,
a Banda do Maestro Toledo.

Na pérgula da piscina do Tênis de hoje,
a garotada que me chama de doutor,
curte a ensolarada manhã de domingo,  
ao som que incendeia de alegria,
o festivo ambiente :

-“ Como será o amanhã...”?
- " A minha alegria atravessou o mar..."

Revejo-me neles.
É um recordar 
que me alegra,
me emociona, 
me dá a certeza
de que valeu.


7 comentários:

  1. Gostei muito. Em poucas linhas a sinopse de uma vida. Resumindo sete décadas em um poema. Meus parabéns!

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  2. Francisco José Tavares de Carvalho escreveu: -" Amigo, muito lindo. É tudo que vivemos juntos. Vc conseguiu em poucas pinceladas contar a nossa história. Lindo."

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  3. Cybele Pimentel de Sá escreveu: -" Em certeiras pinceladas, toda uma vida carregada de ótimas lembranças , amigos queridos e locais inesquecíveis. Salve dona Irene, tio João, o querido Tênis de antes com seu salão que nos abraçava através de seus funcionários todos tão gentis."

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  4. Valeu mesmo!Chegar aos 71 anos não é arte para marinheiro de primeira viagem e sim para quem soube velejar sobre mares bravios,calmarias,descortinar o passado,olhando para trás e dizendo:Vivi e vivo!Sou feliz.Toda a felicidade mais uma vez.

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  5. Mais doze meses se passaram, parece ser muito rápido, mas se fizermos um balanço, só conseguiremos nos lembrar dos momentos mais importantes, como as viagens e comemorações. Se somar os dias não conseguiremos lembrar de muitos, talvez uns vinte dias....sendo que um mês tem trinta, e um ano doze meses. Portanto, onze meses e alguns dias se perderam em nossa memória...impossível lembrarmos destes trezentos e tantos dias que correram em nossas vidas. No fim de um ano dizemos o tempo voa...Sim ele voa, mas vivemos o dia a dia de nossas vidas, mesmo perdendo ou esquecendo-os nos porões de nossas memórias... Até mais doze meses caro amigo. Saúde e sorte.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Olívia Cândida Martins Mansur escreveu: -"Sempre me emociona esse seu poema! Meus olhos ficam marejados de emoção e de gratidão, pelo tempo feliz que você nos faz recordar e por mencionar Dona Irene, como você diz, a mãe de uma geração, da nossa geração. Obrigada, amigo"!

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