quarta-feira, 22 de abril de 2015

SÃO FRANCISCO



Não falo do homem santo,
o dos pobres e oprimidos,
o que disse que é dando que se recebe,
o que afirmou que,
para viver é preciso morrer.

Pego gancho na finitude,
peço benção e proteção,
pois neste controverso assunto,
bebo de todas às águas,
entre elas, as do povoado de Piaçabuçu,
banhado, desde sempre,
pelo Rio São Francisco,
que é de quem, na verdade, quero falar.

O Velho Chico...
sempre explorado e maltratado,
com cinco garrotes em seu curso,
ferido gravemente
com a transposição de suas águas,
tem a metástase mais visível,
em sua parte mais baixa,
nas cercanias da sua foz;
onde o rio não é mais rio,
onde o rio já virou mar.

O Velho Chico
não é mais o aríete
que desvirginava,
com vigor e mansuetude,
penetrando fundo,
as águas do mar.
Tiraram a virilidade do rio.

Meu Santo São Francisco de Assis:
agora é com o senhor que vou falar;
sei que é preciso perdoar 
para  ser perdoado,
mas... até quando?