Quando cheguei a casa de minha mãe,
encontrei-a na cadeira de balanço.
Perguntou-me: -"O que há de novo"?
Contei-lhe o rapto e a morte
encontrei-a na cadeira de balanço.
Perguntou-me: -"O que há de novo"?
Contei-lhe o rapto e a morte
do menino João Felipe.
Disse-lhe da consternação
que tomara conta da cidade.
Disse-lhe da consternação
que tomara conta da cidade.
Indignada, e com a voz firme,
quase como político em comício,
angustiada afirmou:
- “ Viver é renunciar.
Renunciamos a tudo.
A renúncia é o que marca nossas vidas”.
A lucidez de minha mãe,
aos 91 anos, me espantou.
Mantive-me atento, percebi que iria continuar.
aos 91 anos, me espantou.
Mantive-me atento, percebi que iria continuar.
- “É desde o nascimento.
Renúncias na adolescência,
no casamento e, sobretudo,
renúncias pelos filhos.
renúncias pelos filhos.
E, de repente, vem uma louca e faz com que
todo nosso sacrifício tenha sido vão.”
Levantei-me, beijei-lhe a testa e disse-lhe:
Parabéns!
Brilhante e, sobretudo, inovadora
reflexão sobre o crime.
Arregalou os olhos,
espantadíssima e perguntou-me :
espantadíssima e perguntou-me :
- “Crime...que crime? Me conta...”.