sexta-feira, 28 de março de 2014

GRANDES NAVEGAÇÕES



No redescobrimento, 
feito nos mares revoltos do facebook,
cometeu equívocos pequenos,
mas, desestabilizadores de “leme”.

O mais “labiríntico”,
não levar em conta
o meio século já passado.

Aquele não era mais o que conhecera.
Tinha biografia fechada,
embora, por ser “kósmico”,
estória aberta, escancarada.

Dirigiu-se, um deslize,
para entrar na biografia.
Usou rota confusa,
pendente dos ventos,
com luz de lua,
e mapas “internáuticos”.

Não contou com a “calmaria”, 
não achou onde aportar.

A solicitude e o tempo
trouxeram-lhe o “mar de Almirante”
que lhe possibilitou o entendimento,
permitiu-lhe o refazer-se,
reorganizou-lhe as emoções.

Constatou apenas,
coisa boba, corriqueira,
não ter percebido
a sutil e poética diferença
entre “querença”,
ato de querer, 
apego, 
e “querência”,
coisa do coração,
saudade instintiva,
quase animalesca,
do rincão onde nasceu.

Vencido o "Cabo das Tormentas",
corrigiu a rota:
 rumo ao da "Boa Esperança".
Aí, então... sossegou.


quarta-feira, 26 de março de 2014

IMPRESSÃO



Começou com uma olhadela
para a folha de papel em branco.

Descrevo emoções.
Sou o que chamam poeta.

O texto de agora,
por muito me assombrar,
resolvi,
o que não é costume,
imprimir
na esperança de que,
materializando-o,
me desassombrasse.

O texto não é
fantasmagórico,
ao contrário,
é pueril.
Fala da “Internet”,
do “Facebook”. 

Como é concebível lamentar ausências
que nunca foram presenças,
sentir falta de conversas
que nunca se travaram,
identificar tons de vozes
que nunca foram ouvidas?

Como pode um simples texto
sensibilizar até as lágrimas,
levar a um choro bom de alegria,
a soluços reprimidos, engasgados
em frente, não de um espelho,
mas de tela que deveria ser fria,
mas que emana “ondas” quentes
de enorme bem-me-quer ?

Era apenas uma folha
de papel em branco,
conhecida,
tecnicamente,
por A4.
Era.
Agora, não é mais.