sexta-feira, 28 de março de 2014

GRANDES NAVEGAÇÕES



No redescobrimento, 
feito nos mares revoltos do facebook,
cometeu equívocos pequenos,
mas, desestabilizadores de “leme”.

O mais “labiríntico”,
não levar em conta
o meio século já passado.

Aquele não era mais o que conhecera.
Tinha biografia fechada,
embora, por ser “kósmico”,
estória aberta, escancarada.

Dirigiu-se, um deslize,
para entrar na biografia.
Usou rota confusa,
pendente dos ventos,
com luz de lua,
e mapas “internáuticos”.

Não contou com a “calmaria”, 
não achou onde aportar.

A solicitude e o tempo
trouxeram-lhe o “mar de Almirante”
que lhe possibilitou o entendimento,
permitiu-lhe o refazer-se,
reorganizou-lhe as emoções.

Constatou apenas,
coisa boba, corriqueira,
não ter percebido
a sutil e poética diferença
entre “querença”,
ato de querer, 
apego, 
e “querência”,
coisa do coração,
saudade instintiva,
quase animalesca,
do rincão onde nasceu.

Vencido o "Cabo das Tormentas",
corrigiu a rota:
 rumo ao da "Boa Esperança".
Aí, então... sossegou.


8 comentários:

  1. O "Facebook" possibilita reencontros. Alguns podem ser desestabilizadores. O "redescobrir" implica, quase sempre, em algum risco,

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  2. Shirley G Viana escreveu: -"Ao contrário do que disse o poeta F. Pessoa, em se tratando de redes sociais, navegar não é preciso! Talvez, não esteja no Facebook, essa nau com uma tripulação de esperançosos e desesperançosos, a imprecisão, o risco de "desestabilização", mas nos desavisados navegantes que se deixam levar pela maré das incertezas e seduzir pela atmosfera de agitação e turbulências que o inusitado, o imprevisível, provoca na alma e nas expectativas das pessoas. Uma atmosfera perigosamente enebriante que acena com promessas de uma expansão das possibilidades humanas, destruição de barreiras naturais e de compromissos pessoais que bloqueiam desejos e censuram prazeres. Em resumo, uma auto-expansão na direção do desconhecido, de um novo rumo à entediante rotina, do atrevimento de uma aventura a mares "nunca dante navegados", para muitos, talvez, uma nova, e última, chance de felicidade. Enfim, uma auto-expansão que significa uma auto-desordem em tudo que já está posto, acomodado, cristalizado... Quem sabe, uma resignificação da própria vida, mas a que preço? Como nem toda alma tem estatura para fazer a vida valer a pena, melhor é seguir o conselho deste poeta que nos fala de suas "Grandes Navegações", nessa inquietante "Nau dos Insensatos" (a internet). Aproveitar a "calmaria", para reorganizar as emoções, corrigir a rota estabilizando o leme, para quando os vento brandos (de sempre) chegarem, procurar um porto seguro para as emoções, entregando o timão do destino à boa e fiel companheira querência, a guardiã das "coisas do coração", retomando o rumo da Boa Esperança. Belo poema, Orlando, como sempre!

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  3. Pimentel Mariano : " Já dizia nosso poetinha: "a vida é a arte do encontro". Talvez ele ainda não soubesse que as redes de computadores iriam potencializar os encontros e desencontros ao longo de nossa vida".

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  4. Shella Avelar - " Amigo Orlando Pimentel ..me vi no seu poema....cabe uma reflexão profunda...vai me tirar o sono esta noite.....só um toque..O cabo da Boa Esperança ainda é o Cabo das Tormentas...mas,NAVEGAR È PRECISO....bjkas "Kósmikas" ...de sua amiga ainda em MAR ALTO....

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  5. Cybele Pimentel de Sá - "Lindo texto cheio de viés e metáforas. Que bom que, passado o frêmito, readquiriu o senso e navegou por calmas águas conhecidas e amigas".

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  6. Caríssima Shirley G Viana. Inicio dizendo-lhe obrigado que é a maneira com a qual gosto de iniciar as conversas com os meus mestres. Inicio, sempre, agradecendo, pois é o mínimo, pela possibilidade da convivência, do ensinamento, do tempo gasto comigo. Você fez, em prosa, um texto, que já coloquei no blog, mais encantador do que o meu “Grandes Navegações”, do qual gosto muito, e que disso não fiquem dúvidas. O seu comentário agigantou, clareou, deu sustância, trouxe para o “dia a dia” dos “amigos do face”, navegadores de todos os mares, e como é perigoso navegar, o que entendo que eu só consegui sugerir, esboçar. Se me for permitida uma afirmação, digo-lhe que, com muito pragmatismo você, com sua postagem/comentário, foi mais útil para a nossa comunidade do que eu com o meu poema. Fiquei profundamente sensibilizado. Acate, além do obrigado, os meus aplausos de pé, altíssimos e prolongados. Você é a maior.

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  7. Shirley G. Viana - "Obrigada, Obrigada e Obrigada! Que mais posso dizer? Recebo com humildade os elogios, e retribuo o agradecimento com a mesma reverência que você dirige aos seus mestres. Como você, não só reconheço a importância, como careço da convivência, dos ensinamentos e da atenção deles, para continuar aprendendo. Obrigada, Orlando, por todas as oportunidades de aprendizado que a sua produção literária me proporciona e me instiga tanto, a ponto de merecer os elogios do mestre que me emocionam e envaidecem".

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  8. Shella Avellar - "Já tinha lido...achei fantástico...quanto a mim...."esta natureza inquietante"..não pode se permitir um porto seguro....somente no CAIS DO AFETO dos AMIGOS QUERIDOS DO RINCÂO NATAL e dos outros cais...ÀGUIAS tem que planar.....se o pouso é demorado..suas asas se atrofiam....e aí sim ...não há volta possivel....bjkas kosmikas a todos meus hermanos barrenses e de todas as outras naturalidades....e nacionalidades...a calmaria é necessária ..mas os desafios dos mares revoltos nos impelem rumo aos céus de brigadeiro.....obrigada pela sua "presença" -presente do facebook que diminuiu as distãncias e o espaço-tempo...Orlando Pimentel".

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