Começou com uma olhadela
para a folha de papel em branco.
Descrevo emoções.
Sou o que chamam poeta.
O texto de agora,
por muito me assombrar,
resolvi,
o que não é costume,
imprimir
na esperança de que,
materializando-o,
me desassombrasse.
O texto não é
fantasmagórico,
ao contrário,
é pueril.
Fala da “Internet”,
do “Facebook”.
Como é concebível lamentar ausências
que nunca foram presenças,
sentir falta de conversas
que nunca se travaram,
identificar tons de vozes
que nunca foram ouvidas?
Como pode um simples texto
sensibilizar até as lágrimas,
levar a um choro bom de alegria,
a soluços reprimidos, engasgados
em frente, não de um espelho,
mas de tela que deveria ser fria,
mas que emana “ondas” quentes
de enorme bem-me-quer ?
Era apenas uma folha
de papel em branco,
conhecida,
tecnicamente,
por A4.
Era.
Agora, não é mais.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMaria Alice de Toledo Gaspar escreveu: -" Impressão da imprecisão dos sentimentos que permeiam os corações que sentem o pulsar de outros...indefinidos mas fortemente sentidos. Não há presenças,nem ausências...há essências que inebriam e contagiam fazendo emergir sentimentos que aproximam pensamentos, ideais. e ideais. Um fluir indefinido que transpassa além da fria, mas tão aquecedora, telinha...O poeta, cuja razão se esvai em tecer sonhos...pode fazer de uma simples folha de papel branca, um belo canto de amor...Isso é FEELING..Orlando Pimentel é o maior!"
ResponderExcluirMaria Célia Marques escreveu: -"Como pode? Depois de tanto tempo manuseando uma folha A4, na horizontal, vê-la na vertical, digitar nela sem apagar com a borracha macia, mas com o delete. Como pode um poeta sentir ausências sem presenças? Como pode sentir falta do que não teve? As lágrimas, os choros de alegria, soluços reprimidos diante de uma tela? Que bem-quereres são estes? Só posso crer numa alma de poeta que, de estalo, estala uma ideia original e de tanta ternura, nua e crua, como as ondas quentes do bem-me-quer.
ResponderExcluirAplaudo de pé."
Rosana Bensiman escreveu: " Orlando Pimentel, só mesmo voce para descrever com tamanha poesia o mágico e surpreendente calor humano do cristal líquido. Sensacional! ABL já pra você, meu amigo! Nenhum daqueles imortais teria esse insight pós moderno. Nenhum mesmo."
ResponderExcluirBeth Nunes escreveu: -"Orlando Pimentel: homem misturador... de impressões, sentimentos e palavras... Deu certo! Gostei!"
ResponderExcluirShirley G. Viana escreveu: -" Uma folha A4 em branco está longe de ser simples, é um desafio, querido poeta! É, literalmente, a ausência sem presença, a conversa a ser travada, as vozes imaginadas, convertendo-se em um texto premido pela pressão de uma necessidade extrema, vinda dos recantos mais profundos da alma. A angústia da folha em branco, não é menor do que a da tela em branco a espera do texto que o assombra: sinais ou testemunhos de suas impressões que vão nos "sensibilizar até as lágrimas, levar a um choro bom de alegria, a soluços reprimidos, engasgados em frente, não de um espelho, mas de tela que deveria ser fria e que emana “ondas” quentes de enorme bem-me-quer". É assim que você, poeta, nos gratifica, preenchendo a nossa "tela em branco" com esses "assombrados versos" que nos desassombram da inquietante solidão de nossas impressões. Obrigada, Orlando Pimentel, por partilhar a suas conosco!"
ResponderExcluirHerman escreveu: "Interessante e revelador da alma do autor. Como quem coloca as emoções para fora, numa maneira de se desnudar, me peguei olhando a sua foto sem camisa e dei uma risada. Explico: será que o Orlando escreve pelado?"
ResponderExcluirMariano escreveu: "muito linda a poesia. Curti demais (no bom facebooquês)! E há quem diga que o ciberespaço é uma ilusão que não corresponde à realidade... de fato não é algo real, já que tudo é imaterial, como também são nossos sentimentos. Não precisamos do concreto para termos essas experiências, tal como a viajem que um livro nos proporciona - só que muito melhor e mais interativo, no face não são apenas textos imutáveis, são pessoas que (geralmente) conhecemos e interagimos. Por isso, as experiências que vivemos aqui são, sim, reais como as que vc descreve: "lamentar ausências que nunca foram presenças, sensibilizar até as lágrimas (...) e a tela, que deveria ser fria, emana “ondas” quentes de enorme bem-me-quer""
ResponderExcluirHerman escreveu: "Me ocorreu agora uma analogia invertida: Inicialmente a folha de papel A4 estava nua e, ao término das revelações do poeta, vestiu-se com elegante emoção. "
ResponderExcluirGostei muito.Sua sensibilidade e capacidade de percepção estão sempre presentes em sua alma poeta.Maravilha e parabéns!
ResponderExcluirMaria Ester escreveu: "Revelou como podemos numa simples folha de papel demonstrar nossas emoções.Amei!"
ResponderExcluirNúbia Nonato escreveu: -" Desvirgino o papel em branco sem preliminares/ os dedos excitados se consomem em frenesis. Poderia me estender, mas seu texto cumpriu bem o seu papel. Alvíssaras meu amigo!"
ResponderExcluirLetras formam palavras. A magia e o encanto estão no texto.
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