Para meu amigo irmão Jorge Guilherme A.
Aiex
Fosse eu mais individualista,
mais decidido,
sabedor que sou
do que sinto em lugares altos,
teria refugado,
de imediato,
a ida a Torre Eiffel.
Faltou-me coragem
para dizer não.
A primeira pessoa do plural,
novamente,
foi mais forte
do que a primeira do singular.
Na fila,
por perto de quatro horas,
calado, suando frio,
pensando em como desistir.
Como Pedro,
por três vezes,
quase caí em tentação:
- Vocês sobem,
eu fico aguardando aqui em baixo.
A pergunta do Jorge,
(Você está se sentindo bem?)
foi minha
primeira esperança,
cortada, astutamente,
pela Bete:
- “Esse homem é de aço,
já foi à China”.
Na compra dos ingressos,
a pergunta da bilheteira
foi a minha segunda
grande oportunidade:
- "Só ao primeiro patamar ou até o topo"?
Voltei-me interrogativo,
esperançoso para o grupo.
As três vozes soaram em uníssono:
-“Até ao topo”
Entrei no elevador,
cabeça baixa,
olhos no chão.
A parada no patamar
é obrigatória;
curte-se a vista
fantástica de Paris.
Durante meia hora
tiramos fotos,
nos encantamos
vendo a cidade
em seus trezentos e sessenta graus.
Insinuei:
É tudo tão lindo, tão maravilhoso!
Nem havia necessidade
de comprarmos até o topo.
Não deram atenção.
A resposta foi
prática:
"Olha ali o outro elevador.
Vejam o tamanho de fila!
Vamos."
Fomos;
eu, como suponho que um boi
vá para o
abatedouro.
Entrei... era bem menor.
Fechei os olhos.
entreguei
para Deus.
O topo, na verdade, não é o topo.
É um andar abaixo
do topo.
É bem mais largo
em relação ao afunilamento
incisivo
da torre.
Deu-me segurança,
senti-me,
finalmente,
dono da
situação.
Constatei,
lá do cocuruto,
já calminho,
que Paris é
linda,
e, como disse Hemingway,
“Paris é uma festa”
que me
permito,
com a permissão do "rei",
acrescentar:
“de arromba”