domingo, 7 de julho de 2013

A CASA DE MARY



                          Para minha irmã Cybele


O portão da casa da minha mãe,
quando abrindo ou fechando, 
faz um rangido que 
funciona como um alerta.

Penso que isso a trouxe 
para a varanda
enquanto eu ainda subia a escada.

Expressão muito aflita, 
foi logo falando:

“- Graças a Deus que você chegou!
Não quero mais ficar neste lugar.
Quero ir para a minha casa”.

Subi calado até o último degrau.
Beijei-a, 
envolvi-a em meus braços
e fui conduzindo-a 
para o interior da casa.

Na sala, em um canto, emoldurado,
há uma fotografia 
de Rosemar Pimentel.
Apontando para o quadro, 
perguntei-lhe:
Mary Joe, quem é aquele ali no quadro?

“Ah! é o meu querido marido, 
o Rosemar Pimentel.
Fomos muito felizes. 
Era um ótimo homem.
Dei muita sorte. 
Sempre vivi bem cercada.
Deus só botou gente 
muito boa ao meu lado.
Veja... você e a Cybele. 
Filhos maravilhosos.

Perguntei-lhe: 
e a Cybele, como está?

-“Ótima, 
esteve aqui cedo, 
abastecendo a casa.
Trouxe estas tangerinas”.

Da fruteira, 
em cima da mesa, 
retirou duas.
-“Para você e para mim. 
Você vai gostar”.

Comi a tangerina 
olhando e sorrindo para ela.
Terminando, disse-lhe: 
Estou com sono.

“Tire uma soneca 
ali no meu quarto.
Vou puxar a cortina 
para fazer escurinho”.

Mary Joe já havia voltado para a sua casa.

2 comentários:

  1. É preciso muito amor para lidar com
    as coisas inevitáveis da vida.
    Parabéns pela forma amorosa com que vcs lidam
    com a querida Mary Joe.

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  2. É mais uma história de minha querida mãe.

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