quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O SORRISO







No início era Sonia Helena da Rocha,
a Soninha da Dona Hilda, do seu Lourival.

Depois foi Sonia Helena Mansur,
a Soninha do Flavio Mansur,
a mãe do Marcelo, da Fernanda.

A menção às “crianças” me leva
à “Casa da Dona Irene”,
mãe de toda uma geração,
onde quase que diariamente,
durante infância e adolescência,
bati ponto procurando o Flávio.

A vida que provoca
encantadoras aproximações,
é a mesma que afasta
sem maiores explicações.

Nos últimos cinquenta anos,
nunca fui à casa do amigo,
nem ele a minha.

Passa tão rápido o tempo,
que não nos damos conta de nada.
Em um átimo, setentões.

Atam-se nós, 
desatam-se nós.
Que corda bamba!

Não passaram e não passarão,
a lembrança do convívio,
a admiração crescente,
a alegria dos encontros,
a imagem forte,
gravada na mente,
como amorosa tatuagem,
do sorriso bonito da Soninha.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

REENCONTRO





A aflição que tanto
o angustiava,
de repente,
desapareceu.

Sentiu-se leve.

A sensação,
finalmente,
era boa.
Tão boa!

Ouviu, ainda longe,
uma voz,
um chamamento:
-“Pai...papai”.

Estaria sonhando?
Forçou a atenção,
procurando o entendimento
Em um átimo,
tudo ficou claro:
Era sua filha
que se aproximava.

Vinha flutuando.

Tentou levantar-se.
Viu que, agora,
era fácil;
estava levitando.

Abriu os braços
para Gabi que,
felicidade nos olhos,
vinha sorrindo.

Era o dia das crianças e
Jorge Aníbal de Andrade
havia se “encantado”.