segunda-feira, 30 de junho de 2014

O TEMPO




O tempo?
Continua a passar.
Mais uma década.
Com ela,
a promoção a setentão.

É sinônimo modernoso,
soa melhor do que o arcaico
 e empoeirado septuagenário.

O tempo sugere o compulsório,
não o impõe.  
Não combinaria com a sutileza 
que sempre o caracterizou.

Acata, generoso,
como pilares do armistício pactuado:
não mais linha de frente,
só benquerença,
beijinho no ombro,
doçura, 
mel.


quinta-feira, 26 de junho de 2014

COISAS DO CORAÇÃO




Passa o tempo 
e o espelho me mostra,
sem nenhum retoque
o sexagenário.

Passam as pessoas,
ausências sentidas
distâncias ressentidas,
coisas do coração.

Não passa a amizade,
forjada em aço inoxidável,
protegida por bainha,
guardada  em esconderijo
longe de mãos descuidadas.

Passa o tempo,
passam as pessoas.

Não passam,
apesar da inclemência do espelho,
as coisas do coração