segunda-feira, 30 de junho de 2014

O TEMPO




O tempo?
Continua a passar.
Mais uma década.
Com ela,
a promoção a setentão.

É sinônimo modernoso,
soa melhor do que o arcaico
 e empoeirado septuagenário.

O tempo sugere o compulsório,
não o impõe.  
Não combinaria com a sutileza 
que sempre o caracterizou.

Acata, generoso,
como pilares do armistício pactuado:
não mais linha de frente,
só benquerença,
beijinho no ombro,
doçura, 
mel.


5 comentários:

  1. Miriam Monteiro - "E não é que a Valeska Popozuda virou referência literária mesmo!"

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  2. Shirley G Viana - "De repente, setenta! Que ele, o Sr. das horas, continue a lhe ser generoso, para que você continue traduzindo em verso as "benquerenças" - "pilares da vida" -, para que possamos enfrentar com sabedoria os conflitos e chegar na retaguarda desse "armistício pactuado", sendo merecedores do "beijinho no ombro, água açucarada, doçura, mel". Você, com sua poesia, tem me ensinado a discernir as "sutilezas" do Tempo, obrigada!"

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  3. Maria Ester Figueiredo Alves - " Amei o poema,mas eu ainda estou empoleirada no Sexagenário.Estou doidinha para subir mais uns degraus e ficar puro charme e dando beijinhos no ombro! Parabéns! "

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  4. Maria Célia Marques - " O tempo sugere tantas coisas meu amigo. Cada pessoa passa por ele, ou ele passa por ela, de modo absolutamente singular. Não é fácil encarar as limitações físicas que ele impõe: o desgaste das articulações, a diminuição da força muscular, as dores, a deficiência auditiva e visual, a perda do vigor físico, mental e os esquecimentos. Mas sua generosidade está em ser a fase da liberdade. É hora de rever conceitos e descobrir-se. Não se pode perder o interesse pela vida, nem o entusiasmo. E o entusiasmo é o fogo, é a vida e aquece a alma. Estas “pontes de interesse” que a ligam a vida são água açucarada, doçura e mel."

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  5. Rosana Bensiman escreveu: -"Que lindo, meu amigo! Uma grande lição. Li várias vezes para aprender! Quem dera que todos os governantes sexagenários das nações em conflito, cegos pela ambição, tivessem essa visão tão delicada, doce, bem humorada, e principalmente desarmada do tempo e da vida. Iriam viver até cem anos, curtindo amores, netos, livros e flores, em vez de chegarem aos setenta ou oitenta anos doentes, ansiosos, amargos e solitários, apenas com sua ambição e vaidade como companheiras. Apenas os sessentões e setentões maduros e felizes de verdade entendem e se divertem com o beijinho no ombro, não é mesmo, Orlando Pimentel?"

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