A calçada era a mesma.
O sentido do caminhar
é que era inverso.
Bem próximo, parou.
Jovem e bem vestido.
Olhando-me,
descontrolado,
berrou:
- “Como você pode ser tão insensível?
Você não tem coração”?
Estanquei assustado.
-“ Você não se apieda de mim?
Não vê o mal que me faz”?
Tentando entender,
olhei-o fixamente.
Não olhava para mim.
Era um olhar embaçado,
indistinto, para dentro.
-“Seu coração é de pedra?
Não vê as minhas lágrimas”?
Com um crispar da cabeça,
e um piscar de olhos,
recuperou a lucidez e
seguiu amnesiado.
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