quarta-feira, 5 de novembro de 2014

“SEM EIRA NEM BEIRA”


                                                  Para Maria Célia Marques.

O poeta,
sempre mais sensibilidade
do que razão,
quando exacerbado
em seu mundo,
e o chilrar de um sabiá,
no início da primavera
pode provocar o fenômeno,
é capaz de tudo,
até de se postar de Deus.

Feita a faxina cósmica,
não satisfeito,
vai jardinando a natureza
até constatar,
num repente de lucidez,
provocada por pedra no caminho,
a impossibilidade da possibilidade.
Aí, só lhe resta,
como a todos nós,
os “sem eira nem beira”,
sentar-se na Via Láctea,
e se por a chorar.

4 comentários:

  1. Núbia Nonato escreveu: -"Não vou discorrer sobre o poema, seria uma heresia destrinchá-lo, e com reverências aplaudo."

    ResponderExcluir
  2. Maria Vera escreveu: -"OBRIGADA,ORLANDO POR TAMANHA RIQUEZA.."

    ResponderExcluir
  3. Maria Célia Marques escreveu: -"Derramando palavras, que escorrem pela tinta da caneta no branco do papel, vão se formando frases cantadas como o chilrear do sabiá que ainda teima em cantar enquanto primavera é. Como deuses e deusas, faxinando nuvens cinza, espanando a poeira cósmica, limpando a sujeira no céu da boca estrelada depois de um dia de sol, descansa. Amanhece no jardim, regam as palavras soltas para brotar frases. Além das pedras do caminho, diante da impossibilidade da possibilidade da satisfação, os “sem eira nem beira” acampam na grama. Extasiados, só lhes resta a via láctea em flor. Suspiram e agradecem!"

    ResponderExcluir
  4. Maria alice De Toledo Gaspar escreveu: -"Que dizer após o comentário/poema de Maria Célia Marques..." Aí, só lhe resta,como a todos nós,os “sem eira nem beira”, sentar-se na Via Láctea,e se por a chorar.... Assim me sinto! Bravo, Orlando!"

    ResponderExcluir