O
dia era 13.
Por
sorte, talvez,
ainda uma quinta.
ainda uma quinta.
Mary
Joe,
sem
aviso prévio,
deu
um piripaque,
prostrou-se
trêmula
em sua cama e apagou.
Corre,
acode,
chama
o médico.
-
“O mais recomendado é internar.
A
ambulância vem apanhar”.
Já
era madrugada da sexta
quando
Mary Joe,
no quarto do hospital,
entrou no soro.
A
medicação foi certeira.
No
entardecer da sexta,
já lúcida, Mary
começou
a indagar:
-
“Onde é que eu estou”?
No
hospital.
-
“Mas que besteira... eu não tenho nada”.
“Quero
ir ao banheiro”
Não
pode sair da cama, está no soro.
-
“Mas eu preciso ir ao banheiro...”
Não
pode. Está de fraldão. Faça aí mesmo.
Foi
aí que o médico entrou no quarto,
e
é aí que começa, de fato, a história:
“
Respondeu muito bem aos medicamentos.
Poderá
ter alta na segunda”.
A
sexta anoiteceu com
Mary
irritada, impaciente.
querendo sair da cama,
querendo ir ao banheiro.
Na
madrugada do sábado,
no escurinho do quarto,
Mary Joe quietinha
Mary Joe quietinha
desceu
da cama,
arrancou
o soro.
Com
a agulha no braço
e
o sangue espirrando
no
piso branco do quarto,
anunciou:
-“Vamos
embora”.
Corre-corre geral.
Não
aceitou novo soro,
nem voltar para a cama.
No
sábado, cedinho,
deram-lhe
alta.
Mary
Joe havia se desinternado.
Maria Célia Marques - "Envelhecer se dá de forma diferente de um para outro, são evidentes as limitações, mas Mary Joe mantém a cultura que, normalmente, os idosos perdem lentamente. Quer coisa mais interessante do que desejar sair do hospital achando que era uma “Besteira”? E “Querer ir ao banheiro”? Coisa mais horrível “fazer no fraldão”. A menos que seja indispensável. Para ela não era. Sua cultura ainda prevalece mesmo com a idade avançada e mesmo internada. Outro fato que adorei: a reação, para mim saudável, de anunciar “Vamos embora”. Que saudável este gesto de uma matriarca cheia de si e de vontade de ir para sua casa. Parabéns Mary Joe! Você venceu a tudo. Saúde e Tim Tim!"
ResponderExcluirTatiana Pimentel - "Das fragilidades da vida, dos momentos de inquietação, do susto acompanhado de apreensão, nó na garganta e coração apertado.
ResponderExcluirJá dizia o meu avô Pimentel, que um dia conhecerei em outro plano: "Envelhecer é uma humilhação".
Penso que vovó sabiamente o corrigiria: "Envelhecer é uma humilhação... para os outros!".
Acredito que a primeira coisa a fazer, ao chegar em casa, foi tirar o "raio do fraldão".
Essa é a nossa Mary Joe!
Núbia Nonato escreveu: -" Para Mary Joe. E antes que a dita cuja com sua foice ceifadeira venha a se alongar, dou-lhe um rabo de arraia, pinto bem a carranca e mando-lhe um sai pra lá. A vida me espera e tem precisão! Xô doença, xô indisposição! Gosto da minha casa com cheiro de lar, com filhos e algazarra onde cada sopro de vida me instiga a despertar todos os dias"
ResponderExcluirCybele Pimentel Sá: -" Bem assim. O poema retratou perfeitamente o ocorrido. Mary é e sempre foi uma mulher forte. Frágeis somos nós. Parabéns, meu irmão. Gostei muito do poema."
ResponderExcluirMaria Alice De toledo Gaspar-"Essa é a Mary Joe! Determinada e sem rédeas. Ela comanda o espetáculo! Amei os textos de Orlando Pimentel e Tatiana Pimentel! Aplaudo de pé! e...acima de tudo a \" fortaleza" que representa, como disse a querida Barbara Williams! Tati, você é uma neta E TANTO! Beijos "
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