Aos noventa e três,
Mary Joe,
volta e meia,
sonha acordada.
Como está acordada,
encasqueta que o que
pensa estar vivendo
é certo, não é sonhado.
Quer ir embora,
voltar para a sua casa
de onde nunca saiu.
Pergunta como vai dar conta
das crianças (Cybele e eu)
que saíram sem dizer
pra onde iam e ainda não
voltaram.
Depois de pouco tempo,
diante das evidências,
rende-se aos nossos argumentos.
Percebe, então, que viveu
um sonho acordada.
Aí, totalmente lúcida,
ri de si própria,
diz que está caduca.
Olha-me nos olhos,
pede-me desculpas,
me emociona.
Sorrio...
primeiro, com discrição.
Depois,
sem nenhuma cerimônia,
sem nenhuma cerimônia,
de mãos dadas,
rimos juntos.
rimos juntos.
Núbia Nonato escreveu:- " O tempo não me presenteou e não pude ver a minha mãe envelhecer. Nem sei se ela queria isso...enfim. É um belo texto Orlando, fico a divagar através de tuas linhas. Parabéns!"
ResponderExcluirCybele Pimentel Sá escreveu: -"É bastante doído ver alguém tão ativa, tão criativa, tão amorosa, lutar com seus " sonhos", suas inquietações, suas insatisfações diante da dura realidade que a idade avançada impõe. O que fazer, como ajudar? Perguntas sem respostas. Tentativas de ações . " Viver é difícil e penoso." Sábio Guimarães. Parabéns, meu irmão. Pelo poema e pela atitude madura diante das inquietações de Mary Joe."
ResponderExcluirFernando Ades de Andrade escreveu: -"Meu primo afortunado, marejado fico por inteiro.Peço bençãos a minha Tia Mary Joe."
ResponderExcluirÈ assim mesmo,caro Orlando.Meu pai também tem estes lances.Ás vezes ele não sabe se sonhou ou vivenciou o que me conta.Felizes somos nós que ainda os temos conosco,rimos com eles,sonhamos e choramos com eles.Eles têm muita sabedoria de vida...Algumas vezes percebo meu pai com o olhar distante,um pouco vago,fico preocupada e ele simplesmente me pergunta?-Tem carne para amanhã?Pagou tudo? Então penso:O meu velhinho está "ligado" em tudo!Como você diz que amanhã seremos nós,então vamos curtí-los,vivenciar com eles a vida,caminhar os últimos passos e agradecer a DEus esta dádiva.Beijão na nossa linda e amada,Dona Zezé!
ResponderExcluirEsse momento leva-me a algum tempo atrás, quando minha saudosa mãe, aos cem anos, vivia a triste realidade de perder um filho. Nâo entendemos os " por quês?" do que a vida nos apresenta.... vivamo-la, com carinho e resignação, sempre de mãos dadas. Parabéns, Orlando, aplaudo de pé e emocionada. Grande beijo em nossa amada, Zezé, a Mary Joe que nos encanta..
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