Baseado no conto "DUELO" do livro Sagarana de Guimarães Rosa.
Dona
Silivana
tinha olhos grandes, de cabra tonta.
Era casada. Seu marido havia ido visitar e
pernoitar na casa do primo, mas, depois
do jantar, já bem tarde, desistiu do pernoite.
do jantar, já bem tarde, desistiu do pernoite.
Sem contra-aviso à esposa, voltou alta noite.
Era
um dia de nhaca mesmo.
Em
sua cama, em adultério, a esposa e Cassiano Gomes,
jovem de tiro certeiro, mas com problemas no coração.
O que viu, desviu. Turíbio retornou em surdina.
Depois
que o dia clareou e Cassiano se foi, ainda esperou.
Entrou
sorrindo, fez festa, beijou Silivana.
No outro dia, madrugadinha, armou tocaia.
Quando viu o homem na janela,
deu tiro certeiro na nuca.
Matou
e não matou.
O homem era o irmão de Cassiano.
O homem era o irmão de Cassiano.
Turíbio
pegou montaria e caiu no mundo.
Cassiano
enterrou o irmão e foi em perseguição
para
o duelo que nunca aconteceu.
Numa
madrugada, tempo depois, saudoso,
Turíbio
veio ver Silivana e contou sua estratégia:
Ia
fugir até que o coração matasse o desafeto.
Cassiano
podia trocar de montaria,
mas não de coração.
mas não de coração.
Uma semana depois, a visita foi de Cassiano.
Silivana
revelou a estratégia e o esconderijo do marido.
Cassiano
foi atrás, mas Turibio se evaporou.
O tempo foi passando...Turíbio se escondendo...
Cassiano, coração doente, procurando.
Turíbio mandou dinheiro e novo endereço.
Era comerciante para as bandas de São Paulo.
Cassiano, sabendo-se muito doente,
Cassiano, sabendo-se muito doente,
vendeu
tudo e foi para a tentativa derradeira.
Não
deu...andou dia e meio e, num fim de mundo,
caiu
perto de capiau de apelido Vinte-e-Um.
O tempo, a doença, e o dinheiro firmaram amizade.
Quando
viu que ia morrer, contou sua
história,
deu seu dinheiro para Vinte-e-Um.
Silivana
mandou carta, contando da morte,
dizendo-se
saudosa, pedindo a Turíbio para voltar.
Foi
como fogo em pólvora.
Vendeu
tudo, pegou estrada.
Quase chegando, cruzou com caminhador que,
tirando o chapéu, perguntou:
- O senhor é seu Turíbio, casado com dona Silivana?
-Sim...estou vindo de São Paulo. Estou alegre de voltar.
O capiau, olhando para os lados, sem encarar, falou:
- Não vale a pena agente ficar alegre.
O
senhor, se apeie e reza que eu vou lhe matar.
Peço
perdão ao senhor e a Deus.
É promessa que fiz ao amigo Cassiano.
É promessa que fiz ao amigo Cassiano.
A
garrucha velha, de canos paralelos, não negou fogo.
Turíbio
caiu com uma bala na face e a outra na testa.
Vinte-e-Um
fez o "em nome do padre" e seguiu.
Ficou bom, como os demais. Pois vc consegue abreviar o conto e transforma-lo num poema. Meus parabéns!
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