terça-feira, 11 de junho de 2013

S I L Ê N C I O


                                                          Para Dra. AMANDA da REDE SARAH                                 

Na moderna sala de espera estava só.
A televisão convocou-o pelo nome,
Informou-lhe a ala e o número do consultório.

Na porta, a doutora já o esperava.
Lado a lado, como velhos amigos,
sorrindo um para o outro, caminharam.

Na mesa de atendimento,
a tela de um notebook
já ligado, permitiu-lhe saber
que se falaria de seus exames.

-“Hoje vou lhe mostrar como você está.
Posso lhe adiantar, que bem, muito bem.
Infelizmente, apesar dos inúmeros exames,
não conseguimos chegar a um diagnóstico.”

Esperou algum tempo por
uma manifestação que não veio.
Sorrindo, recomeçou:

-“Quando você nos procurou,
veio em busca de um diagnóstico.
Já se sabia portador de uma ataxia.
Queria saber a causa.
Não a tenho, o que não é raro.
Mais da metade dos atáxicos
não são diagnosticados.”

Fez uma nova pausa.
Parecia querer uma manifestação.
Como o silêncio se manteve,
Tratou de quebra-lo:

-“Não pense que perdeu seu tempo,
que se submeteu, novamente, aos
sacrificantes exames inutilmente.
Sabemos que você não tem nenhuma
entre as chamadas  doenças graves,
que são as que geralmente levam a óbito.
Você tem apenas uma ataxia”.

Um período de silêncio um pouco maior.

-“Eu poderia estar lhe dizendo
que o senhor tem um tumor de cerebelo,
uma esclerose múltipla, um câncer.
Felizmente, não é o caso.”

Diante do silêncio mantido,
com toda a ternura, concluiu:

-“Se fosse possível, eu lhe diria
que o senhor fez uma ótima escolha.
Não sei o que provocou a sua ataxia,
Mas, de uma coisa, não tenho a menor dúvida:
o senhor é um homem de sorte, de muita sorte”.



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