domingo, 13 de janeiro de 2013

MENINA MÃE



Qual seria a sua idade?
Não mais do que quinze.
Enganchada nela, 
a criança de meses.

Na pele lisa 
do ombro desnudo, 
apoiava a cabeça do filho, 
 nariz escorrendo.

Destacado abandono
na multidão da calçada, 
pés descalços,
seguia sua falta de rumo.

A criança do colo parecia dormir.
A outra, travestida de mãe, 
não aparentava estranheza, 
 não vivia o excêntrico do quadro.

Caminhava sem 
 questionamento, 
 com indiferença 
igual ou maior, 
a indiferença da multidão
com a qual se confundia. 

3 comentários:

  1. O assunto voltou-me durante o discurso do Papa Francisco no Hospital. É o descaso com o próximo, é o não estender a mão. Dói muito ver uma criança já com outra criança nos ombros. E, o que é pior. sozinha com os seus equívocos e o seu despreparo. O que as duas podem esperar? Só Deus.

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  2. Amigo Orlando,eu trabalhei 18 anos nessa área de adolescência e sei como tudo é muito triste.A gravidez precoce,a falta de planejamento familiar,o abandono dos pais,a fragmentação das famílias,o Estado,a sociedade não têm olhos para esssa situação.Só mesmo Deus para amparar ,proteger essas crianças.São adolescentes brincando de bonecas...A gente realmente não sabe o que se passa na cabecinha dessas jovens mães e que futuro as espera.Eu sempre estendi minha mão a elas,orientei-as,aconselhei,mas a base,que é a família,está muito desestruturada. O seu poema retratou muito bem o que se passa com a vida dessas meninas.Eu gostaria de fazer um pouco mais,mas a sociedade também é omissa.Só Deus!

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  3. Caro Orlando, acompanho suas postagens e queria te fazer refletir sobre uma questão que há tempos carrego comigo e sempre que posso pergunto aos que parecem ter discernimento para responder. E se não houver o tal Deus a qual você se refere?

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