terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O DILÚVIO


 


Certo dia, 
aborrecido com o mundo,
o homem, 
sem ligar à ética e à estética,
disse tudo; 
o que podia e o que não devia.


Depois chorou,
chorou convulsivamente
toda a dor que nunca chorara.


Seu pranto era tanto 
e tão forte que,
rolando face abaixo,
encharcava-lhe a roupa,
acumulava-se a seus pés.


Por treze anos o homem chorou.



Afogando-se em suas 
próprias lágrimas,
consciente da força 
do seu pranto,
o homem, agora, 
sorria vingado,
e a humanidade,
sob um imenso dilúvio,
chorava.


3 comentários:

  1. A força do "POVO NAS RUAS" foi o que quis descrever, metaforicamente e de maneira surrealista, em "O DILÚVIO".

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  2. Cybele Pimentel Sá - " Oi, querido irmão. O texto está lindo. Não sei se conhece os textos de Marina Colasanti, mas o seu captou o estilo da escritora. Como fiz pós em Literatura infantil e juvenil, andei lendo muitos autores. Então, percebo os estilos dos grandes autores absorvidos pelos escritores de agora. É um elogio e tanto, assim como foi o do Mariano. Escrevi inbox com receio de os outros me acharem metida a crítica literária. Perdoe-me, pois e releve alguma coisa que não tenha apreciado no comentário sempre feito com o maior carinho. Bjs".

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  3. Chorar, gritar, estufar o peito até arrebentar todas as chagas, contaminar
    o outro nem que seja pelo desespero. Belo poema.

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