quarta-feira, 17 de abril de 2013

ENSINANDO-ME O AMOR



Visito-a diariamente.
Antes do almoço e ao anoitecer.
Vez ou outra, confusa,
questiona-me com queixume:

- “Está sumido.”

Não desminto.
Confirmo e invento:
-"Muito trabalho".

Sento-me e ouço
histórias recontadas.
Demonstro interesse,
mostro-me expectante.
Sorrio na hora certa,
arregalo os olhos de espanto.

Ontem, novamente,
como conheceu meu pai.
Precisa nas palavras,
invariável o final:

-“O vaticínio 
da dona Nina professora 
falhou.
Acabamos casando”.

Encerra dando risadas.
Encantado, sorrio junto.

Em pé faço a despedida.
Da cadeira de balanço,
pede-me:

-“Abaixe-se,
chegue o seu rosto aqui...
quero dar-lhe um beijo”.

Após o beijo segreda:
“Você alegra a minha vida”.
  

Um comentário: