terça-feira, 9 de abril de 2013

DEBUTANTE


                                Para os dos anos sessenta.


Que horas são?

São onze horas.

E o que faz ela agora?

Cercada de homens,
deitada na areia,
o corpo bronzeia.

Expõe ao sol e ao sal,
aos olhares amorais,
(entre eles o do garoto)
o corpo cansado da vida que leva,
vazia em tudo, exceto em homens.

Que horas são?

São dezessete horas.

E o que faz ela agora?

Deitada na cama,
serve de pasto 
a quem já não ama,
mas lhe dá carro 
e apartamento
além de mesada 
no fim da semana.

Que horas são?

São vinte e três horas.

E o que faz ela agora?

Deita com seu garoto
e se sente mulher.

Logo com ele, que além
de quase menino,
ousou cantar em versos
esta história de mulher.




2 comentários:

  1. Debutante é, também, o que se inicia em alguma atividade. Na minha geração, o “sonho sonhado” era ter um “caso”, o que na época chamávamos de “amante”. O poema narra uma imaginária “estória”. Um menino e uma mulher “de muitos homens”. Pode existir iniciação melhor?

    ResponderExcluir
  2. Núbia Nonato - " Mulheres e meninos, para olhos menos atentos, uma fútil banalidade, capricho de doidivanas. De solidão só entende quem a vive. Bela poesia. Vou postar uma poesia que fala de mulheres maduras e meninos".

    ResponderExcluir