sábado, 27 de setembro de 2014

NOITE DE MILAGRES


                           Quando as lâmpadas se apagaram,
ficaram apenas luzes de velas.

A guitarra portuguesa 
bramiu o acorde.
O vozeirão da fadista 
emudeceu e encantou
o VELHO PÁTEO DE SANT'ANA:

“De quem eu gosto...nem as paredes confesso”


Viajou para uma floresta 
(terá sido o vinho?),
viu-se diante de um Sobreiro,
árvore irmã dos Carvalhos.

Os galhos eram braços abertos
sem a esperança do abraço.
Os cortes, 
para a extração da cortiça,
lábios semiabertos 
para o nada.

Os aplausos 
o devolveram para a sala.

Na taça, 
a superfície do vinho tinto
 ondulou.

Foi o cair silencioso,  
solitário, 
de uma lágrima,
parte ínfima de pranto contido que, 
imprudente rolou.

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