quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

PRESENÇA



Acorda
com a sensação
de que vai vê-lo.

Após pôr-se de pé,
é certeza.  

Pisca os olhos e,
pronto,
lá está ele
sorrindo.

Não,
não é uma simples
presença física,
tridimensional,
passível de se enxotar
ou,
o que já seria uma dádiva,
de ser ignorada.

É invisível,
que é a forma mais visível
e alucinante,
e a única, realmente,
impossível de se banir.

Deus, alguém vê?

Parece ter consciência
da sua invisibilidade
para os demais.

Não fala,
não interfere,
apenas espreita,
mas, empreita
em 360 graus.

Resta-lhe a esperança
tênue, de que
ainda não tenha acordado,
de que  ainda
durma,
que tudo seja só
um sonho.

Senão,
inútil a luta;
é paixão.





6 comentários:

  1. Da frase de Clarice Lispector (-“NÂO SABIA QUE NOME DAR AO QUE A TOMARA OU AO QUE, COM VORACIDADE, ESTAVA TOMANDO SENÃO O DE PAIXÃO”.) surgiu inspiração para o poema a que denominei “PRESENÇA”. Procurei, e que me perdoem a ousadia, ao redigir o poema, fazê-lo vivenciando o universo Lispectoriano, embora saiba que Clarice nunca escreveu poesias.

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  2. Gostei! É a paixão, impossível banir...

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  3. Ficou bom! É a paixão, impossível banir...

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  4. Paixão quando se instala toma vulto, toma norte, acerca-se, avizinha-se, toma ares de entidade e incorpora.

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  5. Parabéns, Doutor! Gostei muito!
    Grande abraço!

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