A prosa não começou bem.
Queixava-se dos quatro
sacos de cimento
empilhados na varanda.
Sentia-se tapeada.
“- Compram demais, querem que sobre”.
- Não, mãe, expliquei.
Não foi fácil arrumar um
para trabalhar no domingo.
Se faltar cimento,
não terá como terminar o trabalho.
Coçou a cabeça,
olhou-me contrafeita.
Virou-se para um lado,
depois para o outro.
Ganhava tempo.
Finalmente, disparou:
-“É... você tem razão”.
Sorrindo, após nova pausa, prosseguiu:
-“Estou ficando meio caduca.
Sorte ter você por perto,
para pôr as coisas no lugar.
Mas é sua função.
Você não é meu pai”?
Agora sorrio eu.
É, é minha função,
mas eu sou seu filho,
não sou seu pai.
-“Falei meu pai”?
Sorrindo novamente:
“Não disse que estou caducando”?
Referindo-se, penso eu,
ao início da prosa,
continuou com seriedade:
-“A fala tem valor,
tanto ou mais que a escrita.
É preciso pensar antes.
Fazendo assim, já é difícil,
imagine se não!
Os perigos estão por aí,
em cada esquina da vida.
Dizem.
Eu digo mais.
O perigo está dentro de nós.
É preciso cuidado no lidar.
Nós somos o perigo”.
Hoje neste bonito dia de sol caminhava pelas rua João Pessoa e passando bem em frente a casa do Gerado Lima, vi uma simpática senhora´sentada em uma cadeira de rodas que me seguiu olhando e eu pensei, será D.Zezé ? não ela mora na rua Waldir de Oliveira Lima.Ao chegar em casa, vendo a foto no computador, vi que era ela e peço desculpas por não ter parado e quem sabe ela me reconheceria.
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