Ao amigo Ronaldo Ayres.
No Pasta Pizza
da Avenue des Champs Elysées,
da Avenue des Champs Elysées,
ao iniciar a terceira
taça de champanhe,
taça de champanhe,
amuado,
Ronaldo fez a declaração interrogativa:
Ronaldo fez a declaração interrogativa:
“Magoa-me muito ver
o que o tempo fez
com a nossa geração”.
Respirou fundo e,
apesar da minha
apesar da minha
perplexidade, continuou:
“Onde o brilho dos olhos,
o branco do sorriso,
o viço da pele?
o viço da pele?
O que aconteceu com os nossos cabelos?”
Tolerante e sabedor do peso
das duas primeiras taças,
sorrindo, contra-argumentei:
Não é o que penso e vivo.
Vejo-nos como estávamos,
quando ainda no porão
da casa da Dona Irene
(mãe de toda uma geração).
da casa da Dona Irene
(mãe de toda uma geração).
Quando nas domingueiras dançantes,
na varanda do Dr. Paulo Guedes.
O que sinto
é saudade do estarmos
é saudade do estarmos
caminhando na Governador Portela,
com o uniforme do Nilo Peçanha.
Entrávamos ansiosos,
recendendo
recendendo
a “Lancaster”,
na matinê do Brasília.
na matinê do Brasília.
Enfeitávamo-nos para a Exposição.
Sabadeávamos, ao som
de Ed Lincoln,
no bar da piscina do BTC.
Exibíamo-nos no “footing”
da Governador Portela,
felizes e fazendo felicidade.
Inventamos o "Vergonha do Soçaite",
batucamos no terreirão da sede velha
encompridando o carnaval.
encompridando o carnaval.
É assim que nos vejo e,
sobretudo, vejo a mim.
-“Você não está enxergando bem", interpelou-me.
"Vá a um oculista.
Deve estar com miopia".
Diante do meu contraditório
balanceamento de cabeça
e da afirmativa peremptória
(trôpego sim, míope não),
carinhoso e sorridente diagnosticou:
-“Uma miopia de fundo poético.
Uma bendita miopia”.
Levantou a taça e propôs:
-“Um brinde a ela”.
Caríssimo! Me senti um tanto atordoado,pois seria a terceira taça? Nem sei. Mas aquela tarde agradável, sob o céu de Paris...era um convite ao brinde. E brindamos e proseamos na calçada de Champs Elisé. Paris é uma festa!!!
ResponderExcluirParis é uma festa e o Ronaldo Ayres é o maior.
ResponderExcluirIsto é um show! Toda nossa geração deveria lê-la, pois resume todo sentimento de saudade de nossos anos de alegria. Parabéns!!!
ResponderExcluirCybele Pimentel de Sá escreveu: -" Gostei muito da "prosa" poética dos amigos. Cenário elegante, vinho descendo suave num maravilhoso " nom far niente" dos encantadores italianos. Como se não bastasse, o tema foi a nostalgia dos velhos tempos tão bem vividos e lembrados e relembrados por toda uma geração. E o embate continuou com a elegância que caracteriza esses dois grandes amigos. Voltei no tempo, sorri daqui e fui envolvida por uma onda de felicidade. Eu participei dessa época de ouro. Que bailes! Que encantamento! Que beleza de juventude a nossa! Parabéns aos dois que nos encantaram com o papo cabeça."
ResponderExcluir