Após setenta e dois anos
entre
erros e acertos,
procuro
um norte para o que
ainda
possa haver de futuro.
Recorro
a genética e vejo que meu pai
encantou-se
aos sessenta e nove anos.
Já passei da hora!
Socorro-me
com Mary Joe
que
resistiu até aos 93.
Mais 21 anos não dá
e também não quero.
O
passar dos trens de carga da MRS,
extremamente
barulhentos mesmo ao longe,
me
relembra ter sido, Barra do Piraí,
o
maior entroncamento ferroviário do Brasil.
Devaneio
para a década de 50 e lá estou eu,
sentado
na poltrona de um vagão
dos
equivocadamente eliminados trens de passageiros.
Surge o bilheteiro, fardado, gritando:
-Próxima
parada... Estação do "Encantamento”.
Fingindo não entender, faço cara de paisagem.
O bilheteiro, um tom acima, repete:
-Próxima
parada... Estação do "Encantamento”.
Preocupado com minha indiferença,
Inclina-se
ao lado da minha poltrona e
vaticina, baixinho, no meu ouvido :
-Passageiro de Barra do Piraí...
próxima
parada, Estação do "Encantamento”.
Muito belo e infelizmente, realista!
ResponderExcluirUm poema que envolve encanto e coragem, aborda o que mais assusta o homem, mas de uma forma encantadora. Gostei muito, meus parabéns, pelo poema e para este dia tão importante para você e aqueles que o cercam.
ResponderExcluirSetenta e dois anos é a idade da sabedoria.Você está muito bem.Ainda tem muitas paradas até chegar na ESTação do Encantamento.Tem as eStações dos netos,bisnetos,bodas de Platina.Parabéns pela data e muitas alegrias sempre.
ResponderExcluirShirley G. Vianna escreveu: -"Ora, Orlando, você tão preocupado com a "próxima parada", com a hora da chegada ou da partida, tanto faz, e esquece da estrada linda que você pavimentou com a sua poesia. Quem encanta a tantos com seus versos, não deveria levar tão a sério a "hora do encantamento". Você já se eternizou na poesia, Orlando, deixou de ser um simples mortal! Parabéns por mais essa nova idade e que a ela se somem os 21 anos, que você nem almeja, mas que a genética materna - bendita seja !- lhe favorece. Até lá, há muito a usufruir e a nos encantar! Felicidade sempre!"
ResponderExcluirROSANA BENSIMAN - " Li há dois anos, e pretendo reler esse poema por muitos biênios, republicado sempre por você em pessoa, meu caro Orlando Pimentel. A sua “Estação do Encantamento” está longe, quase no infinito, biênios e biênios de distância. Continue sem “se mancar”, pois a sua viagem está muito longe do fim, e em cada parada tem mais gente embarcando para trilhar nas suas escritas, que impedem que o nosso país mergulhe de vez na falta de cultura.
ResponderExcluirParabéns à você pelos 72 e pelo belo poema. Seu desembarque vai longe, lá além, bem depois daquela serra, que tarda a chegar! Ainda tem muitos trilhos para você viajar e nos encantar com seus escritos e sua amizade.
ResponderExcluirOlá, Luis Pio Pedro. Grato pelo comentário acima. Não saiu o seu nome. Não sei a razão. Vou perguntar ao Ronaldo Ayres
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