quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

NA VARANDA DE MARY JOE


                                           Para Tatiana Pimentel

O finalzinho de tarde,  céu em trovões,
prenunciava aguaceiro... temporal.

Era quase hora de visitar Mary Joe.
Antes que a chuva caísse, antecipei-me.

Já dentro de sua casa,
peguei as mãos de Mary, as duas,
e a conduzi andando, eu de costas,
- que temeridade! - até a varanda.

-Vamos ver a chuva chegar, justifiquei.

Mary parece ter gostado da novidade;
foi leve, dócil, amigável, criança sorrindo.

Sentamos e revirei o passado.

Relembrei os anos de férias em Muriqui,
das festas na casa de seus pais,
meus avós João do Cunha e Nina, 
depois, nas que ela passou a fazer para a família,
quando seus pais se encantaram.

Tudo contado com gesticulações interpretativas,
voz alta, sentando, levantando.

Durou quase hora minha teatralização,
 tempo do céu pacificar, da chuva amainar.
Tempo, também, de dizer: - Amanhã tem mais.

Mary sorrindo:

“Obrigado por vir aqui...
 trazer lembranças tão boas...
isso é família ...é amor...
um cuidando do outro.
Gosto muito de você"

Só tive forças para dizer:- Eu também.


8 comentários:

  1. Maria Célia Marques escreveu: -"Como nas letras das músicas de Chico Buarque, possui características como a atemporalidade e suas inúmeras nuances, seja pelo veio poético, seja a dimensão do outro, como a subjetividade e a busca de significações. O amor atemporal revela um amor único que não pode ser enquadrado dentro do conceito do tempo.
    Muito me emocionou. Palmas!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Maria Lúcia Elias Alves - Assim como outros amigos fizeram, eu me vi a pensar nas tardes de temporal. A memória afetiva me levou aos anos 60. Vovó amassando bolinhos de chuva, eu sentada no degrau da porta da cozinha, olhando o céu pesado,a ventania e o aguaceiro. Logo o cheiro da terra molhada se misturava ao cheiro dos bolinhos quentes salpicados de canela. Não me importava nada, não me assustavam os trovões. Meu mundo, pacificado por aqueles aromas, cabia na palma da mão. Era felicidade, mas eu não sabia."

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  4. Maria Célia Marques: -" Vamos ver a chuva chegar Vamos revirar o passado
    O tempo de uma peça de um teatro vivo, sentando e levantando,
    falando em voz alta e gesticulando.
    O tempo de o céu acalmar e a chuva amainar
    Como espectadores da cena encantadora que chegou até à página de parar
    para continuar no outro dia. Como fazemos com nossos filhos à noite,
    na hora de dormir, nos contos sem pontos porque “amanhã tem mais!”
    No final, o presente do beijo e o “gosto muito de você!”
    Amor é assim para sempre.".

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  5. Núbia Nonato: - " Li, reli e sem querer transformei... Mary Joe tirou um cochilo na varanda enquanto de pequenas nuvens chamadas lembranças, deslizaram a figura de minha mãe que de onde está ainda não pode me abraçar e do meu pai que encarcerado num corpo coberto de fragilidade estende as mãos no vazio e conversa num dialeto que nos é proibido traduzir. Mary Joe transmuta-se em rostos que por vezes nos dilaceram de saudades...

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  6. Rosana Bensiman escreveu: - Maravilhoso!!!!!! Eu agradeço o bom exemplo que voce nos deu. Consigo visualizar voce na sua performance de amor. Que linda e delicada a reação da sua mãe. Tudo tão emocionante, que no final voce conseguir falar o que voce falou, eu considero uma proeza. Porque nem isso eu conseguiria. Se estou aqui agora com os olhos marejados, imagine num momento daquele ao vivo em cores.

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  7. Aplaudindo de pé e com lágrimas nos olhos.meu pai também faz isso.eles tinham muita sabedoria em simples palavras.SAudades,Do.Zezé!

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