Em
todos os dias, repito o ritual .
De
segunda à sexta, há quase dois anos.
Da janela do meu quarto, no terceiro andar,
aguardo
que ele apareça no extremo da rua.
São dois quarteirões e eu curto,
com
toda a intensidade possível,
o
caminhar, a aproximação,
imaginando-o vindo ao meu encontro.
imaginando-o vindo ao meu encontro.
Quando
está bem perto,
recuo,
afasto-me da janela.
Não
resistiria a um possível apelo
daquele olhar
castanhos esverdeados,
quase
transparente.
Passado
meio minuto,
que
controlo no relógio,
volto
à janela e o acompanho,
agora pelas costas,
até
que dobre a esquina,
saia
do meu campo visual.
Então, cerro
a janela,
deito-me na cama,
deito-me na cama,
fecho
os olhos e revivo
em
minhas saudades,
momentos nossos,
mantendo-o,
teimosamente,
momentos nossos,
mantendo-o,
teimosamente,
em
meu coração.
O poema "A JANELA" retrata o drama de uma mulher que vive um casamento em crise e não se liberta de um namoro forte de um passado mais ou menos recente.
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