A ânsia cessou.
Os olhos se estatelaram,
janelas para o nada.
Acho que naquele instante,
houve a morte cerebral
Foi, então,
que os vi entrando,
sem
aviso prévio
e sem convocação.
Um
a um, em silêncio,
pela
porta do quarto número três
do
Hospital da Cruz Vermelha.
Na frente,
Seu Camacho e Vovó Laura.
Depois
Seu Homero e Dona Jacyra, pais da Bete.
Por fim, Tia Paulinha e meu pai, Rosemar Pimentel.
Todos já mortos.
Todos já mortos.
Posicionaram-se
em volta da cama,
esticaram
os braços sobre minha mãe.
Moviam as mãos como se desatassem nós.
Com uma brisa perfumada e com a cama
transformada
em invisível maca,
foram por uma rampa, também invisível,
levando
o que penso ser,
a essência de minha mãe,
pelas
beiradas do céu.
Foi
assim que
vi
a transformação,
o encantamento de Mary Joe.
Terminar...me soa estranho, como fim. É maravilhosa esta certeza da imortalidade, de que entes queridos estão à espreita prontos a nos bafejar e com certeza Mary Joe fez por merecer. Infinito abraço.
ResponderExcluirEla foi na paz e muito bem amparada pelos entes queridos já em outro plano.Saudades!
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